8 de set. de 2012

mais rápido, mais alto, mais forte

 
(...) o Brasil está fazendo bonito nos Jogos Paraolímpicos de Londres, já temos 17 medalhas, sendo 7 delas de ouro 20 medalhas de ouro, 13 de prata e 8 de bronze (41 no total [veja a contagem final aqui]). Nossa equipe olímpica ficou nas três de ouro – muito suadas, diga-se. Nossos paratletas foram brilhantes no atletismo, e surpreendemos até mesmo os mais de 80 mil espectadores do estádio olímpico com a vitória de Alan Fonteles sobre os favoritos, o americano Blake Leeper e o sul-africano Oscar Pistorius.

(...) Acho horrível tratar esses homens e mulheres como coitadinhos, deitando olhares de pena, quando eles merecem é elogios rasgados. Fonteles perdeu as pernas quando criança pequena, nunca soube o que é ter as duas pernas, mas compete desde os 8 anos de idade. Ele mesmo não reclama pena ou clemência de ninguém, e já traz ao menos uma medalha de ouro.

(...) Já li muita gente dizendo que os paratletas não são santos, rola tanto ou mais doping quanto nas Olimpíadas. Não acho que isso os reduza, pois são gente como todos nós, e enfrentam barreiras pesadas. No frigir dos ovos, são vencedores bárbaros.

Acho curiosa a comparação dos quadros de medalhas. Brasil não deficiente físico levando uma surra dos deficientes. Um quesito em que o país normalmente pisa na bola, não consegue cuidar sequer do elementar, mas, de alguma forma, abre oportunidades para esses atletas. Não é caso de pena, nem de maniqueísmo, mas de ver gente corajosa se dando bem. Merecem."

(Guilherme Lacombe, aqui)



"Criados para enfatizar a superação humana, os Jogos Paraolímpicos começaram com alguns veteranos de guerra no Reino Unido e foram abertos para atletas civis em 1960. Mas até a Paraolimpíada de Pequim eles ainda eram vistos como um evento de segunda classe, cuja entrada só deixou de ser gratuita em 1996, mesmo assim com pouco sucesso. Esta é a primeira competição em que todos os 2,5 milhões de ingressos foram esgotados.

Atletas paraolímpicos já superaram a história lacrimosa que acompanha a visão restrita de pessoas com necessidades especiais. O avanço das tecnologias faz com que as próteses deem a seus usuários condições reais de competir com atletas olímpicos. Com duas pernas mecânicas, Oscar Pistorius fez história ao se classificar para a Olimpíada de Londres e chegar às semifinais dos 400 m rasos no atletismo.

Intervenções menos evidentes, proporcionadas por biotecnologias, nanotecnologias e terapias genéticas, podem abrir para debate a fronteira dos limites do corpo humano, tirando da ficção o sonho de ciborgues, organismos parte máquina.

Apesar de o nome ter sido proposto nos anos 1960 como forma de sobreviver no espaço, a ideia já é popular desde a Revolução Industrial, explorada em contos de Edgar Allan Poe, Frankensteins diversos e até nos poemas de Fernando Pessoa, que, sob o heterônimo Álvaro de Campos, queria ser capaz de se exprimir como um motor, de ser completo como uma máquina.

Sem muito alarde, homens biônicos já estão entre nós. Portando marcapassos, implantes auriculares e bombas de insulina, muitas pessoas devem suas vidas funcionais a intervenções tecnológicas autônomas. Não tardará para surgirem chips e implantes conectados que aumentem o desempenho, a resistência e o intelecto de pessoas comuns. Fanáticos religiosos e reacionários diversos reclamarão, mas a realidade é que, desde o Homo habilis, usamos ferramentas para expandir nossas capacidades. O que há de errado em controlá-las com o cérebro, em vez das mãos?"

(Luli Radfahrer, aqui)


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