2 de set. de 2012

todo mundo é diferente


Um menininho estava brincando de boneca. O pai chegou, viu aquilo, e quis saber, revoltado: “Quequifoi?! Virou gay agora?”. E o garoto, com toda a inocência que é peculiar às crianças que ainda não aprenderam a ser preconceituosas, respondeu, calmamente: “Não, virei pai”. (via)

Esse pai que deve sentir falta do tempo em que meninos brincavam de açougueiro.

* * *

(...) O filho do Niels Pickert morava com os pais em um bairro progressista de Berlim, onde o fato dele usar vestidos não era mais do que um assunto para iniciar uma conversa. Claro, não era fácil pro menino na escola, e como o menino não estava encontrando um role model, uma vez que não vemos muitos homens andando de saias por aí (um beijo, Laerte!), nada mais óbvio que o próprio Niels passasse a se vestir com saias – e, veja bem, ele gostou.

Difícil mesmo ficou quando a família Pickert se mudou para uma cidade totalmente provinciana, religiosa e conservadora, onde o fato de pai e filho saírem pelas ruas de saia e vestido, respectivamente, fez com que uma senhora desse com a cara no poste – literalmente – , o que deu ao pequeno novamente coragem para ir á escola com seus vestidos. E mais: ele gosta de pintar as unhas também, e se diverte pintando as do pai. Niel conta isso tudo em um artigo para a revista feminista alemã Emma, e eu destaco o que ele fala: “Sim, eu sou um daqueles pais que tenta criar seus filhos de forma igualitária. Eu não sou um desses pai acadêmicos, que divagam sobre a igualdade de gênero durante seus estudos e assim que há uma criança na casa, se adequam aos papéis confortáveis de gênero: ele está se realizando na carreira e ela cuida do restante.”

E então, apesar do que o meu despeito falou quando soube da notícia em uma primeira instância, eu aplaudo o Niel Pickert de pé. E pergunto: como é que isso não é respeitar as diferenças, minha gente? Sim, meninos e meninas são diferentes entre si. Mas também o são todos os seres humanos. O gênero não é a diferença primária, muito menos a principal, e não deve nunca definir o que uma pessoa é, assim como não o são a raça e a orientação sexual. O verdadeiro respeito às diferenças está justamente em não enquadrar ninguém nesses estereótipos. Porque o filho do Niel Pickert gosta de usar vestidos. E ele é um menino. E o pai não só respeita isso, como ele endossa, dando ao seu filho a autoestima necessária para expressar essa diferença.

Para encaixar uma estrela no buraco do triângulo, é necessário cortar quatro das suas pernas. Isso deve doer. Que tal não tentar encaixá-la em nada?

(Nanda, no Blog Mamíferas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...